(Cena da peça de teatro inédita “Pó de Giz” de Vladimir Riomar. Nada a ver com a tragédia de Realengo- RJ. Ou não...)
- Gente, eu vou pedir muita calma.
- Calma coisa nenhuma. Acho isso um absurdo. É caso de expulsão na hora!
- Eu também acho!
- É é isso mesmo!
- Gente, mas é só um menino...
- Não, não é coisa de menino o que ele fez, não!
- Eu acho que dona Matilde foi humilhada por esse moleque.
- Foi sim!
- Se a gente deixar do jeito que está, vai ser um prëmio. Todos os outros alunos vão se achar no direito de fazer a mesma coisa.
- A mesma coisa não vão fazer porque ninguém aqui vai ser bobo de aceitar nada desses meninos.
- Mas a gente aceitava.
- Na inocência... Quem iria de imaginar?.
- Calma, além de dona Matilde, quem mais comeu, quero dizer, quem foi que aceitou bala do moleque ? (Duas professoras levantam os dedos timidamente, seguida por outras duas)
- E daí, que que é isso tem a ver ? Poderia ser qualquer uma de nós.
- É verdade!
- Eu mesmo já estive muito próxima disso. É que eu não gosto de chupar balas antes do almoço. Me tira o apetite.
- Pois eu muitas vezes aceitei. Por educação! Pra não deixar o aluno sem graça
- É, a gente faz essas coisas para manter um laço de amizade.
- Eu estou perguntando porque todos nós sabemos que uma das professoras tem disseminado esse hábito, não é mesmo?
- Eu distribuo balas para os alunos para que eles se acalmem.
- Eu mesma presenciei quase todo mundo aqui aceitando as balas da Professora Tänia.
- Não tö entendendo... Quer dizer que a Tânia também...
- Não, não, não! Não é isso que eu quero dizer...
- Eu digo que ai... É pinto e buceta?... tudo junto?..
- Olha o linguajar, Raquel!
- Quero dizer que vocês aceitam da professora Tania porque confiam nela.
- Já entendi, houve uma quebra de confiança... Não se pode confiar nesses moleques.
- Mas eu ainda perguntaria se alguém foi obrigado a aceitar?
- Pelo amor de Deus! Eu não to entendendo. Se um moleque passa bala no pinto e se vangloria com seus colegas de que fez a professora comer, do modo como a professora achou gostoso. Eu pergunto se não é motivo suficiente para uma expulsão.
- Não sei, estou confusa, qualquer que seja a decisão desse conselho temos de fundamentar muito bem....
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